Domingo
O domingo avança em paz
Silêncio profundo no cais
O barco já não parte mais
A âncora, no fundo jaz.
Os mapas, no canto abandonados
Os corpos, dos amantes apaixonados
Suados e reciprocamente tatuados
Ao longo do colchão seguem embolados.
As roupas, amassadas, em algum lugar do chão
O ritmo suave e saciado de um só coração
No ar o cheiro agridoce da volúpia da paixão
Prelúdio de um verso, poema ou canção.
No fundo, o sol se desmancha no mar
As estrelas chegam curiosas para espiar
A lua, dona da noite vem os abençoar
Enlaçados, no breve intervalo de Amar.
Logo estarão prontos para um novo ciclo, como as luas
Vivenciarão mil desejos e loucuras, todas suas
Enquanto o vento sussurrará suas proezas pelas ruas
Despirão suas fantasias e verdades, agora tão nuas.