A musa perdeu outro braço.

Agora a musa perdeu outro braço...

O braço da senciente compaixão.

Que no caloroso aperto do abraço...

sente a dor de outrem no coração.

E de pedaço em pedaço segue a musa,

Se perdendo aos pouco com as agruras,

Fechando-se triste dentro de uma infusa...

Mergulhando num de mar de amarguras.

E no mergulhar mais profundo do amargar...

Ao passar dos dias torna-se fria e dura.

E sem perceber caminha triste a se tornar...

Estátua bela de mármore de linda alvura.

Mas inspiradora musa já não é podes ser...

Pois beleza apenas não inspira rara emoção.

A beleza se faz boa a agradável de se ver,

Mas não pode saciar o sentir do coração.

O coração se inspira na afável delicadeza...

E se nutre no sentir da senciente compaixão.

É fato que a indelicada e insensível beleza...

Enfeita a fria lousa e as alças de um caixão.

(Molivars)

Molivars
Enviado por Molivars em 17/06/2014
Reeditado em 17/06/2014
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