A musa perdeu outro braço.
Agora a musa perdeu outro braço...
O braço da senciente compaixão.
Que no caloroso aperto do abraço...
sente a dor de outrem no coração.
E de pedaço em pedaço segue a musa,
Se perdendo aos pouco com as agruras,
Fechando-se triste dentro de uma infusa...
Mergulhando num de mar de amarguras.
E no mergulhar mais profundo do amargar...
Ao passar dos dias torna-se fria e dura.
E sem perceber caminha triste a se tornar...
Estátua bela de mármore de linda alvura.
Mas inspiradora musa já não é podes ser...
Pois beleza apenas não inspira rara emoção.
A beleza se faz boa a agradável de se ver,
Mas não pode saciar o sentir do coração.
O coração se inspira na afável delicadeza...
E se nutre no sentir da senciente compaixão.
É fato que a indelicada e insensível beleza...
Enfeita a fria lousa e as alças de um caixão.
(Molivars)