Lótus
Aqui jaz coração remanescente
Que escorre junto a dolorido sumo que cai dos olhos
Oriundo de minh’alma carente
Que ama cada vez mais quem não merece
Na instabilidade de cada coração,
Imaturo e duvidoso,
Que não pulsa compassado por uma só paixão
Nem por um só perfume de uma só flor
Alguns dos segredos que não foram divididos,
Que foram dissolvidos em algumas cascatas de lágrimas
E eram ora maravilhosos, ora doloridos,
Nem sempre com o mesmo sabor, mas inesquecíveis
O estranho aperto que nos faz gritar
Com esse amor asfixiante,
Distância essa que me faz chorar
Pensando nos beijos de apaixonado amante
Amor misturado à areia
Que escorre plos meus dedos
Me banhando inteira
De pensamento e desejos impuros
[por quem um dia teve inocência
Agora, com as rosas que flutuam no mar,
Jogo você, meu lótus perfumado,
Para nossa rainha Iemanjá,
Que me permita entrar bela noiva tua de azul em límpidas águas
[com ventre inchado de filho teu, filho nosso
Com os cabelos ao vento
E de mãos juntas às tuas,
A enlouquecer-me com teu delicioso alento
Beija-me, meu lótus, meu lírio
Faz-me tua…