O NOSSO AMOR DE ONTEM
MEU AMOR DE ONTEM
Dia dos namorados, dos namorados, amantes bem amados,
Ou mal amados também, enamorados enfim...
Nem sei bem o que dizer, se devo ou não fazer,
Se sair ou permanecer, ou deixar somente o amor falar,
Falar até cansar de tanto falar, para depois amar sem fim...
A mim me cabe a verdade dizer, por bem ou pura maldade?
Virar o mundo, varar a noite do amor maior,
Que sonho, que nada; madrugada findada,
Em homem passarinho me engaiolei e nem me soltei,
Por que cometer tal loucura, se lá fora tem menino,
E atiradeira, além de armadilha e aranha armadeira?
Passarinheiro me tornei, sou mestre do engano;
Por desengano,
É bom tentar dizer a verdade, por bem ou por pura maldade...
Em tempo me virei e vibrei nesta experiência bem posta,
Como resposta,
Amada amante virou vento ou em cata vento se tornou.
Nem sei, sopro suave que sustenta o amado ser,
Eis como resposta desta mulher fatal...
Preso ao segundo instante de enlevo, de sonho ou fantasia,
Perpetuar aquele instante ela queria, uma clara ousadia,
Porque nem um de nós sabia o que esperava acontecer,
Mesmo assim, passar soterrada ao instante derradeiro,
Eu beijando, ela recebendo, eu querendo, ela também,
É muito querer bem querendo, é muito viver vivendo,
E tudo na memória gravado ficou...
Minutos após minutos, muitos outros se sucederam, depois dias,
Anos após anos, virou fato, história virou, e nunca findou,
Aquele amor que marcou...
Que fazer, que dever começar? Era uma vez uma vida,
E outra vida sem vez na vida de minha vida, jogo de xadrez,
Puro jogo a mais que descambou em insensatez...
Talvez nem, hoje ela bebe, se embebe de saudade ou não?
Um copo de cerveja pela metade sorvida, contraída,
Ensaia um sorriso amarelo... ou verde? Ou vermelho de perdição?
Por ela despercebido passei, seu olhar perdido no tempo está,
Contemplar ela contempla, por qualquer coisa ela sorri,
Mas contempla o que este seu olhar sem jaça se estou aqui?
O que será que ela medita à medida que bebe de maneira sôfrega?
Recorda, talvez, a beleza de outrora, que foi embora sem licença pedir.
Hoje cansada, pobre criatura, apesar de levar uma vida dura, sem medir,
Um brilho qualquer em sua face desponta, e aponto com troça,
E destroça o fraco brilho meu – com algum traço de ontem,
Que apesar dos pesares, está mal acabado.
Observo-a com apreço, vendo nela o desprezo por tudo aquilo que fomos,
Diametralmente hoje estamos...
Uma mensagem telefônica ela atende, nem sou eu quem a convence,
Ou ela me escutar pretende,
Deixei de ser parte de sua história,
Bem que podia me dirigir uma saudação, por maldição não me percebe...
Nem cara de pau me acomete, nem uma palavra que me preste,
Muito menos para uma verdade lhe dizer,
Me deixa um "cala a boca" de advertência, palavra pouca nem me advém...
A barreira dos dentes, uma revolta surda me domina,
De maneira sutil e sem jeito o vento me sopra um convite:
- Vai, vai embora.
Afora, divagando eu em pensamento tardio, sinto-a me desejando,
Leve, solta, sensual e altiva, sua voz é rouca,
Sua timidez é pouca,
embriagada, descalçada em um palco de madeira,
ela e seu copo de cerveja...
Restam-me eu e os anos esvaídos em andanças,
Debaixo das verdades que não têm uso, as lembranças,
Nem penso e nem digo mais nada...