Espiava-se a solidão
Não havia refulgência, nem desbotado Sol
Nem luar escondido no ventre altero da Lua
Nem sequer no zimbório areal
a insipiência galopada. Nem o médão
se aquietava em cardos, por fim adormecido.
Não haviam vontades competentes
a erguerem, a cada setentrional madrugada,
pálpebras dolentes. Prostradas, submersas
na sede cansada d’alma olvidada.
Não mais que esconsa casa, continuamente assombrada,
perpetuamente sombria.
Espiava-se a solidão.
No sangue branco dos astros
Na juba flor que, arrebatada ao caule,
capitulava, pisava o chão.
Não haviam mais que chuvas
que se choravam desacompanhadas
em voos de aves sem asas.
Nada brotava, nada se enformava.
Por ti se encheu o dia em luz de prata, roubada à Lua.
Por ti a noite se embriagou no néctar alaranjado do Sol.
Por ti o mar se abraçou à falésia dor, em prantos e risadas.
Por ti as dunas são agora capitulares varandas,
seios pomos de mulher a florir açucenas,
no rir canário d’alvoradas.
E as bridas são agasalho, veladura branda do suor,
dos corpos desfilados em galardões de passados atentos,
desgrenhados a cantarem-se nas entranhas e nos
braços dos ventos.
Em sinos tangidos, no arco-íris dos nossos comuns sentidos.