MEMÓRIAS

… e foi no teu olhar que mergulhei

um dia, procurando-me,

buscando saciar a minha sede

de amar... e de ser amada;

de libertar-me daquela dura rede

onde permanecia, encarcerada.

...E foi em ti que, descrente, constatei,

confrontando-me,

que amar era tão importante

quanto virar a página dum livro velho,

onde já nada era belo, ou relevante,

e onde me revia, como num espelho.

Amar de novo era um desejo ardente,

era uma necessidade, não uma ilusão

ou um capricho impertinente.

Ser livre, esquecer aquele diário

onde quase tudo me parecia secundário...

deixou de ser uma simples ambição.

Urgia libertar-me da prisão

onde, cruelmente, estava aprisionada,

reduzida a zero, no auge do tormento...

... E foi em ti que me reencontrei,

liberta das amarras em que estive

tantos anos nos quais não tive, um só momento,

o que me deste tu, Amor. Quanto te amei!

... E foi em ti, num lindo amanhecer,

que despertei dum pesadelo... e fui Mulher!

Maria Letra
Enviado por Maria Letra em 11/06/2014
Reeditado em 03/04/2018
Código do texto: T4841606
Classificação de conteúdo: seguro