Rubro
Sempre lhe disseram que rubro era a cor da perfídia,
do pecado, do prazer e do amor
mas oh, céus! Pecado é dizer a uma criança em pleno ardor
que essa é a perene cor da vida!
Hoje sei que não há cor mais fria e pecaminosa
que o verde esmeralda daqueles olhos.
Ah, sim, e carmim são aqueles lábios macios
que não temem a mentira e sorriem sádicos
[quando as esmeraldas percebem dor alheia
És monja taciturna, flor despetalada,
mulher desfigurada, poetisa estilhaçada,
debulha-se em dor, sem amor, pobre tola,
não existe remédio pra amargura, retalha-se só,
[se esconde na escuridão de pútrido manto rubro
Desprezado, pisoteado, descartado
o amor fere muito mais quando é assim,
essa tortura… parece nunca ter fim,
ninguém nunca nos avisa sobre essas coisas
[que fazem de imaturo coração enamorado
Cresce enforcado esse amor proibido
apertado no peito, inibido.
Segredo esse que magoa, irremível,
não escarnece do amor, é puramente irascível..