A Florbela Espanca
Cada rosto é uma sombra que nos fala
De amor, ou ódio, queda, ou perseverança
Cada boca é um sacrário onde se cala
O sacrifício, a dor, a morta esperança
.
Cada dia é mais um passo no deserto
Cada hora, cada instante - a meta se avizinha
A marca do que somos em cada olhar, em cada gesto
- À míngua de recursos, morre a vinha
.
O teu destino era todo o Universo
A tua alma, toda feita de Infinito
Tinhas no nome as Flores, e a Beleza
.
Não sei traduzir-te nos meus versos
Mas sei sentir no meu, todo o teu grito
A bonança não foi feita para a tua natureza
.
© Myriam Jubilot de Carvalho
Inédito, 1982