ETERNO HIATO
Sustei as palavras, os sonhos
e as vagas insones,
antes que me tivesses ouvido
as canções intactas,
desterrando ao deserto
minhas férteis bagas
e abandonando-me de todo
o pó da estrada;
e lancei-te a céus e mares
investidos de obesas lendas, mitos
e esplêndidas glórias,
permitindo que, ao fim dos fluxos
em cíclicos poentes,
o inverno te envolvesse
as líquidas noites,
sem que jamais pudesses sentir
novamente meu remo
em tuas águas.
Péricles Alves de Oliveira