Estragos do amor
Amor é essa frágil coisa forte,
Que nos faz perder a noção
e apostar no improvável;
é um mapa avesso à sorte,
cartografia do próprio coração,
que risca o imponderável...
é uma requisição por aporte,
de quem não tem condição,
de abortar esse entranhável;
a insana busca da consorte,
pondo carente ao rés do chão
um magnata miserável...
é nudez sem censura, corte,
numa lógica contradição,
que deixa o humor instável;
é mais robusto que a morte,
aquela não faz nenhum bufão,
esse faz, o histrião lastimável...
se alguém sabe, que reporte,
onde se fabrica uma infusão,
ou mesmo, se a coisa é curável...
tragam, pois, um sábio de porte,
que convença ao coração,
que a amada não é amável...
Dizem alhures: Casamento cura,
falam gaiatos, não é o que digo;
se casar tem essa força sanadora,
então doutora, quer casar comigo?