Lume
Nos lugares mais recônditos do mundo, vou
Aventurando-me em incertezas e temores
Dos quais não sei se poderei escapar,
Alheio aos tormentos e aos pavores
A que o destino possa me levar.
Consola-me, porém, o teu grandioso
Sorriso e o teu magnífico olhar,
Que irradiam nessa alma um lampejo caloroso
Que arde incansável nesse peito a vibrar.
O medo persegue-me; afaga-me o teu amor,
Flama vivaz, que aquece esses dias
Que já não tinham o mesmo fulgor
E fulmina as intempéries dessas terras frias
Avessas aos prazeres e às alegrias
Alimenta os meus sonhos o desejo ávido
De ter-te aos meus braços
E de sorver de teus lábios, rendendo-me
Aos teus encantos e também aos teus abraços.
Desejo que não esmorece com o tempo
Tampouco cede aos desenganos da vida
Não se esvai sequer por um momento
Pois, sem ti, desta vida a esperança é despida
Eis, pois, que, nessa jornada perigosa,
Suplico-te, ó lume vigorosa,
Não me abandona nessa escuridão voraz,
Que de mim leva a minha felicidade fugaz.