A FLOR QUE AMEI
A flor que amei
não tinha o lastro da luz
para sustentar o voo
à nuvem,
nem o peso da sombra
para nos lançar desfeitos
em algum abismo
tranquilo;
a flor que amei
não tinha musicalidade
nem poesia em suas sérias
vocais rasgadas,
mas tinha o raio
pressagiador da chuva
e o laivo ominoso das elucubrações
e das palavras;
a flor que amei
tinha a dor e a angústia
estampadas ao rosto
rubro,
e as crudelíssimas verdades
penduradas às venenosas pontas
de seus espinhos.
Péricles Alves de Oliveira