ENTRE O CÉU E O INFERNO
Sombras em ensaios,
uma sinfonia mouca nunca ressoada,
um par de seios escondidos;
da falésia imaginada de entrepernas,
o êxtase e o perigo;
chãos com pedras voados com asas
perplexas, erectas e apaixonadas,
palavras em nós de silêncio
a dizerem tudo;
o tempo parou no destempo
que se inventaram,
os anjos e os demônios também pararam
a assistirem ao intenso, esplêndido
e estranho espetáculo:
um deus estava a amar,
alucinadamente,
aos mistérios e encantos
de uma habitante das trevas.
Péricles Alves de Oliveira