Pérola perdida
A pérola perdida
Estava a ostra no seu canto
Caladinha lá no fundo
Escondido do oceano.
Aquela sua casca dura
Espantava quem se aproximava
Para bem longe dela.
Mas um dia um grãozinho
Bem pequeninozinho
Da ostra se aproximou.
E a convenceu a deixa-lo entrar
Dentro dela foi morar.
Só que o grãozinho a machucou
E ela ainda mais se fechou
Pobre ostra! Enganada!
Trancou-o dentro de si
Fê-lo morrer assim
E jurou que ali
Nunca mais entraria nada.
E o tempo foi passando
E a ostra, solitária
Mais e mais grossa ficava.
Um dia um mergulhador
Passeando por ali
Viu a ostra lá no fundo
E resolveu resgatá-la.
Ela retrucou e resmungou
Não queria atenção
Dentro dela nunca mais
Haveria comoção.
Apesar de machucar
O mergulhador a pegou
Com muito cuidado a levou
Para perto, lá na praia.
A ostra viu brilhar
Nos olhos daquele ser
Todo o brilho das estrelas que via
Quando começava a anoitecer.
Com cuidado ele tentou
Abriu a ostra devagar
Ela chorosa lamentou
Não queria do tal grãozinho
Aquele que a ferira,
Não queria se lembrar.
Mas quando finalmente se abriu
Decidida a tentar novamente
E deixou que o mergulhador
Cuidasse do seu coração doente
Ele sorriu e disse a ela
Que a mais bela pérola
Que ele havia encontrado
Estava dentro daquele coração
Que tanto havia sido machucado.
E a ostra, feliz da vida
Entregou-se sem medo
Àquele mergulhador corajoso
Que desafiou o seu grande segredo
Que rompeu a bruta casca
E que soube ver como ninguém
A pérola perfeita que havia nela
E é isso, ponto final, amém!