Onde a Rosa Vive em Ti
A sede que te bebe no retrato
não seda a ira em seda
de se dar em verso e beijo,
de ceder ao desvario
e saciar a tua ausência
em febril levitação.
A ira que delira nas palavras
e morde a luz inquieta
que te envolve
não fere a ternura que te afaga
com colagens de rosas e estrelas
em telas de músicas e sílabas.
A loucura que te busca nos espelhos
e consagra rituais ao teu perfume
não quebra os vitrais que tem nos olhos
nem rasga o diário da memória:
se mata de viver do que se encanta
e vive até morrer do que renasce.
Eu só lido com a matéria do silêncio
na sólida passagem dos minutos
pelo círculo sutil da solidão.
Se me falta tua luz em senda escura,
Se não tenho teu beijo em sede aflita,
enlouqueço do que em mim te necessita
mas não corto os pulsos num impulso
pois preciso das mãos pra que me guies
até onde a rosa, em ti, vive por mim.