Invoco a louca

Invoco a louca que no manto da noite habita,

em sóbrios cálices o fel da espera beberia,

habita o insensato os limiares que desenha livre

em blocos de gelo seu próprio retrato faria.

Invoco a louca no devaneio que acorda a noite,

são de brisas as tempestades que o faz morno,

no leito, um corpo nu a espreita sem sentidos,

marcando o compasso quente que vomita o outono.

Passo o comando à louca invocada na madrugada,

que dance absolvida do pecado que amanhece o dia,

é meu o desejo escondido sob a sóbria face tingida,

maquiagem fantasiando a louca na sobriedade que grita.

Saúdo o mundo invocando a louca em manifesto,

um corpo e mais outro no covil onde insana habita,

invoco a louca que em plena loucura me invoca

bebendo do cálice até que o sol ilumine o dia.

08/01/2007

Aisha
Enviado por Aisha em 10/05/2007
Código do texto: T482107