PERDIDA

O quarto vazio
às quatro da madrugada,
abro os braços e me estico todo
tentando alcançá-la;

ao tocar o travesseiro vazio,
desequilibro-me na túmida solidão
da noite, que vai-se escorrendo
líquida e silentemente

– fora há anjos ao jardim,
sobre os finos arames dos varais,
a sussurrarem sobre mortes ícaras
e ressurreições fênix –,

entre as esquálidas paredes do quarto
– antes vivas com a presença dela –
e sob a luz neon apagada;
vai-se-me também esvaindo
a alma naufragada,

sem nenhum harmonia plácida
e sem nenhuma esperança grávida
para enxugar-me as lágrimas.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 26/05/2014
Código do texto: T4821064
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