O FORASTEIRO DA NOITE

Ao te encontrar naquela noite, pra casa te arrastei,
ao ver seus ferimentos, de tristeza chorei,
ouvi seus delírios,e o que tanto lamentava.
Quem sabe? Talvez foi vitíma de uma emboscada.
E fiquei com ele durante aquela madrugada
tentando decifrar o que as vezes murmurava.

Dei alimento ao alazão
cuidei das feridas do cão,
enquanto ele de algo lembrava...

Que tristeza, veio me dizer que vai embora,
estou sentindo que meu corpo, e a alma chora,
sem arrepender do tanto que te dediquei.
Voltará ao que era, melancolia na choupana,
sentirá sua partida, essa sua amiga serrana,
lembrando para sempre, de quando te encontrei.

Do miserável andante
com a roupa gotejante,
que na noite troquei...

Recordo, final de uma tarde, na curva do rio,
te ameaçava a tempestade, vento e trovão bravio,
delirando, me disse que era um ser muito infeliz.
Mas em dias se recuperou o hóspede estrangeiro
e curado se mostrou ser um belo forasteiro,
senti me realizada pelo bem que a ele fiz.

Em troca de saudade
te ofereci felicidade,
coisa que ele não quiz...

Partiu. Seu vulto minha visão já não alcança
foi embora, quem sabe, buscando uma esperança,
e já sumiu , entre campos e matas verdejantes...
Andar, creio que isso faz parte de sua vida
sem saber que deixou uma saudade colorida,
de madrugadas e noites, que fomos amantes.

Um aceno, a sua mão,
flechada em meu coração,
vai... Para rumos errantes...





 
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 26/05/2014
Reeditado em 26/05/2014
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