SUSPIRO DE AMOR ETERNO
Grão oceano dos mistérios, eu quis apenas saudar-te
mas o poema segue por outros caminhos e caio a teus pés.
Assim do dizer vulgar ao mais profundo, a teus pés
a teus pés navego seguro pois já vem o meu amado.
Ele chegará tarde, naquela hora beijarei na sua face líquida
o rosto em que o mal do mundo rabiscou tantas injúrias.
Sobre seus pés no retorno cansados da longa jornada
derramarei o olíbano guardado neste cântaro de prata.
Ele dirá o meu nome,
eu silenciarei seus lábios.
Silenciarei seus lábios porque no tempo da espera costurei versos,
mo tempo da espera imaginei tramas de sal e vida em nossa saliva.
Mas agora minhas mãos descansadas erguerão esta coroa singela
que fiz de rama de mini rosas pontuada por sementes de erva doce
e farão daquele homem um rei adornado de poesia e brocados.
Para cada lágrima sentida cai uma estrela,
grão de sal no oceano dos mistérios.
Só eu sei que a cabeça prateada do meu rei exala o perfume dos perfumes,
é a soma de mil ramas de hortelã com o aroma das folhas intocadas da cidreira.
No seu dorso, colo para o peso do mundo que levo aos ombros,
o acentuado frescor das raízes do vetiver inebria o brilho do sol.
E como se ainda pudesse falar, direi calando o sussurro dele:
és o orvalho da manhã,
és o tomilho úmido colhido ainda fresco,
és o aroma da manjerona plantada aos pés da laranjeira,
és o meu amado, em ti me comprazo e encontro ternura.
Suspiro de amor eterno, perfume das macelas no campo.
Ardor dos cuidados efêmeros, doce cálculo do perfeito.
Enquanto a modernidade se rasga em discursos vãos,
apascentemos rebanhos de nuvens e palavras nos campos.
Sou teu súdito, és meu vassalo, somos reis sem legado em terra estrangeira,
regentes da vastidão que nos cai no peito e escorre do coração ao pés.
Oh noite, fecundo corpo do sem fim, eis que chega meu amado!
Eu quis apenas saudar-te mas o poema segue por outros caminhos
e caio a teus pés’ - não o deixarei jamais.
Só eu sei que a cabeça prateada desse rei exala o perfume dos perfumes,
é a soma de mil ramas de hortelã com o aroma das folhas intocadas da cidreira.
No seu dorso, colo para o peso do mundo que levo aos ombros,
o acentuado frescor das raízes do vetiver inebria o brilho do sol.
E como se ainda pudesse falar, direi calando o sussurro:
Você é o orvalho da manhã,
o tomilho úmido colhido ainda fresco,
é o aroma da manjerona plantada aos pés da laranjeira,
é o meu amado, em você me comprazo e encontro ternura.
Suspiro de amor eterno, perfume das macelas no campo.
Ardor dos cuidados efêmeros, doce cálculo do perfeito.
Dos mistérios, grão de sal e vida no oceano saliva.
Enquanto a modernidade se rasga em discursos vãos,
apascentemos rebanhos de nuvens e palavras nos campos.
Sou dele o súdito, ele é meu vassalo,
somos reis sem legado em terra estrangeira.
Regentes da vastidão que nos cai no peito
e escorre do coração aos pés.
Grão oceano dos mistérios, eu quis apenas saudar-te.
Mas eis que chega meu amado, não o deixarei jamais.
Baltazar