O VOO DOS INCAUTOS

Depois de conseguirmos resistirmos
a tanto sofrimento e dor
que fabricamos com chuvas
de entenebrecidas
palavras,

e de nos termos reconciliado
às tristes, silentes e saudosas madrugadas,
após tantos desvarios
e quedas,

pensei que nos havia
surgido forças suficientes
para superarmos o poder do verbo volátil
e a abnômala, ególatra e possessiva
senciência da mente,

e para mudarmos, enfim,
os rumos contrários dos fortes ventos
que se nos sopram à beira dos precipícios
onde nos temos andando.

Sim, pensei que realmente
havia chegado o tempo
em que se nos fosse possível
avançarmos juntos:


tu e eu;
livres como pássaros
a voarmos por entre joios e trigos,
e a nos amarmos cândida
e libertamente,

sem que nos fôssemos
atingidos pelas esplêndidas imagens
e pelos ominosos destroços
ao caminho.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 21/05/2014
Reeditado em 21/05/2014
Código do texto: T4814588
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