AFOGAMENTO
Madrugada fria,
afogado em sono profundo,
senti um marulho vindo do mar
e um sopro vindo
do céu;
de repente, o mar rejeitou-me
com suas ondas em fúria,
levando-me aos profundos abismos
de suas águas;
e eu, esvaído de forças
a me pendular em luta de vida ou morte,
já não conseguia mais
respirar,
quando, enfim,
um braço nuvem desceu,
rápida e imponentemente,
secando o mar:
eu fora salvo, enfim,
mas a nuvem, encharcada
com sais e abismos,
foi-se para longe
a chorar.
Péricles Alves de Oliveira