21
21
Olho para os lados, olhos esbugalhados
Sinais vermelhos, escancarados
Escarlate, gritantes, calados
E rumo sem direção, não há trânsito
E placas, e rumos, e estradas...
Sento-me só a guiar volantes sem marcha
Bancos acolchoados, acomodados
Quero mesmo é sair do lugar...
E que fique para trás essa mania de rumar com endereço
Quero voar para lados estranhos, avessos
Que é pra ver se você fala
Testar o que te tira do sério, desacomoda
Até porque, para mim, tudo está fora do lugar
Objetivamente tudo deslocado
Esquinas vermelhas seguem em frente,
Horizontalmente
Ali na perpendicular acho algumas artérias
Renitentemente tuas, seriam veias? Aéreas demais...
Depois de tudo, faça o favor de me dar os créditos
É porque quando a nossa hora chegar...
Terei sido eu quem fui às ruas
Rumei entre os bares, outros lares
Pra ver se achava meu lugar
Fui eu também que voltei para casa
Rabo entre as pernas, desconfiada
Sou cadela donzela, ando desorientada
Cão que caiu da mudança...
Não me apego pelas minhas andanças
Te juro, é só carnal, desvios de rota
Rotas inalteradas
Não adianta reclamar, alguns hão de me julgar
Danem-se, serei sim a falada, calada
Mas no fim das contas, no amarelar dos semáforos
Meu trajeto inesperado, irredutível
É e sempre será o óbvio e inexorável(bandido?)
O fim da linha de meus passos
Teus encalços, onde hei de repousar
Gabriel Amorim 15-05-2014