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Olho para os lados, olhos esbugalhados

Sinais vermelhos, escancarados

Escarlate, gritantes, calados

E rumo sem direção, não há trânsito

E placas, e rumos, e estradas...

Sento-me só a guiar volantes sem marcha

Bancos acolchoados, acomodados

Quero mesmo é sair do lugar...

E que fique para trás essa mania de rumar com endereço

Quero voar para lados estranhos, avessos

Que é pra ver se você fala

Testar o que te tira do sério, desacomoda

Até porque, para mim, tudo está fora do lugar

Objetivamente tudo deslocado

Esquinas vermelhas seguem em frente,

Horizontalmente

Ali na perpendicular acho algumas artérias

Renitentemente tuas, seriam veias? Aéreas demais...

Depois de tudo, faça o favor de me dar os créditos

É porque quando a nossa hora chegar...

Terei sido eu quem fui às ruas

Rumei entre os bares, outros lares

Pra ver se achava meu lugar

Fui eu também que voltei para casa

Rabo entre as pernas, desconfiada

Sou cadela donzela, ando desorientada

Cão que caiu da mudança...

Não me apego pelas minhas andanças

Te juro, é só carnal, desvios de rota

Rotas inalteradas

Não adianta reclamar, alguns hão de me julgar

Danem-se, serei sim a falada, calada

Mas no fim das contas, no amarelar dos semáforos

Meu trajeto inesperado, irredutível

É e sempre será o óbvio e inexorável(bandido?)

O fim da linha de meus passos

Teus encalços, onde hei de repousar

Gabriel Amorim 15-05-2014