Guardas em teu peito o que eu,
com as mãos caidadas de beijos te entrego

e que em mim talvez não mais se de_more
 
Leva-o como um amor que nunca se esquece;
como grafia na alma... como prece
E pela manhã,

ainda enovelado em teu manto,
acarinha-lhe as chagas

e sopres os sofrimentos, de_vagar...
- como os meus lábios nunca o souberam fazer -

 
Deslizes lentamente pelos lençóis
deixando-o assim, ainda adormecido,

e todos os dias cobre-o com o calor do teu corpo
Proteja-o das invernias, que
algures,
brotam sem que percebas
- fazes o que meus abrigos nunca souberam fazer -

 
Sejas todo lábios... e mãos... e brumas...
Assovies teus acordes, assim, segredados...
Que
a tua brisa sempre lhe fora de seda
e azuis sempre lhe foram tuas palavras

 
Queda-o em teus braços naquelas manhãs chuvosas
e só te afastes 
quando os céus não mais trovejarem
A chuva sempre lhe fora mansa,
mas os raios 
só lhe aqueciam quando do alvorecer
- quando ofegante já ansiava por teus sedutores laços de amante -
 
Guardas as noites para que se me revele
e te envolva nas poesias sonhadas;

todas as que me fizeram arder e delirar
apesar dessas paredes densas e frias

 
... Guardas em teu peito o que eu,
com as mãos caidadas de beijos te entrego

e que em mim talvez não mais se demore...

Cuidas desse poema
que incessantemente fere os meus pulsos
sonhando ser teu universo,

posto que na travessia de alma e sangue,
morro-me um pouco mais a cada verso.
  
 






Denise Matos

 
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 16/05/2014
Código do texto: T4808545
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