Ulcera Complexa
E assim foi me cavando a ulcera
com unhas tão ferozes
que meus seios arrancaram.
E a natureza tão modesta
se tornou complexa
na confusão
dos meus amores.
E cada gota
de suor
na minha cara
são das palavras
que escrevi pra ti.
Agora falo, de coração honesto
dos medos que tinha
por ter você aqui.
Me deito agora, libertado
de sonhos, escravo não sou mais
e de tanto que sofri
morro agora em paz.
E nos meus seios guardarei
os teus segredos
teus infantis soluços.
Que a cidade durma e acorde
sem desconfiar de nós.
Porque eu mesma
desconfio
dos teus carinhos
e teus sussurros
e das letras menores
na bula de remédios
e de todos os amores
que tive para combater
o tédio!
Devo combater agora
essa ulcera
que me pulsa
entre os olhos, dor
cega e amarga.
Dói
como braços de lavadeiras.
Dói
como um motel sem vaga.