o que vivemos, o que sonhamos

o que vivemos, o que sonhamos

estão agora tão embaralhados

que já não sei em que acreditar.

nomes, lugares, datas se confundem:

o que lembro, se realmente

aconteceu não posso afirmar.

o antes, o durante e o depois

estão agora tão trançados

que já não tenho como datar.

do amargo adeus que bebi,

de tua secreção que engoli,

resta aquilo que não provei.

da tua voz que cala,

do meu silêncio que fala,

resta aquilo que não escutei.

entre o tempo que vivemos

e o futuro que não prevemos

resta, imponderável, o que esperei.

Poema do livro Filhas do Segundo Seo

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