MOMENTO D’AMOR
À calada da noite,
com o sereno adentrando a sala vazia,
ao som de Mozart ou Beethoven,
e tomando uma taça
de vinho tinto:
sonhando
teu cândido e inaugural amor
– mesmo sabendo que já perdeste
a virgindade da língua
e da flor –,
do mesmo modo
que devem amar, sublime e etereamente,
os anjos em seus paraísos
celestiais;
e costurando, febrilmente,
súbitos e singelos sonhos às nuvens,
como um tentilhão enamorado
a voar liberto da consciência
freudiana.
Péricles Alves de Oliveira