AS CICATRIZES DA NAVALHA
Às brumas,
há reminiscências doloridas
daquele tempo em que fomos
tão incautos
– com sublimes metáforas
regozijadas ao leito,
enquanto nos alimentávamos,
esfomeadamente,
de luzes neon;
com fluorescentes máscaras
ao aquecido arrebol,
enquanto nos atuávamos,
dissimuladamente, em espetáculos
mambembes;
com perjuriantes dádivas
de sempiterno amor,
enquanto nos tropeçávamos,
recorrentemente,
em pedras ao caminho –,
a nos matarmos,
transbordando o cântaro da nuvem,
entenebrecidamente,
com todo tipo de paradoxos
e incoerências.
Péricles Alves de Oliveira