LÁGRIMA E CHUVA
Por muito tempo permaneci por longas horas
debruçado sobre o parapeito da janela do meu
quarto,tentando encontrar em minhas reminiscências
aquele algo bom que foi pincelado no quadro de meu sentimento.
Quantas vezes vi os pingos de chuva baterem
forte na vidraça da janela, formarem nas
depressões das ruas verdadeiras poças d'águas,
e quantas enxurradas desaparecendo nos bueiros.
Vi muitos raios bravios rasgando as nuvens
carregadas e depois a demorada precipitação,
ouvi tantos ruídos de trovões que mais
pareciam com tambores de guerra.
Também presenciei a volta do sol clareando
novamente o dia, vi as nuvens fugirem como
vi a volta dos passarinhos em seus folguedos,
e experimentei depois das chuvas a brisa a me abraçar.
Vi e senti tudo, o que deixei de ver foi o molhado
no batente da janela onde sempre permaneci,
onde só depois de muito tempo descobri que as
responsáveis foram as águas de minhas lágrimas.