RENÚNCIA
Subtraí de mim mesmo,
outra vez, o ideal de viver,
entreguei-me aos cuidados da
renunciação.
Perdi as esperanças...
Nada mais possuo,
até para falar,
recorro ao monólogo,
no palco de meu silêncio.
Já não existem noites,
só madrugadas,
todas representadas
por imagens ilusórias.
Imorredouras lembranças,
de flores que o tempo
fez esquecer seus perfumes.
Talvez o único bem dominante,
seja a possessão insensata
de um coração.
Tolas formas de agir,
quando por ação demonstrativa,
tornei-me um cancionista,
para que entendesse minha canções.
Tudo entreguei, tudo fiz
para que conhecesse o que sentia...
Até ensaiei colorir meu semblante,
vejam só,
para que entendesse meu ávido sentir.
Hoje habito na realidade
de um imo, talvez,
conclusão da própria imolação
da qual tornei-me refém.