O amor com ciúmes

O amor me convocou sem mais,

Disse que, para um papo cabeça;

Pensei, amenidades, carinho e tais,

O amor não maltrata seus animais,

Ledo engano, era carraspana avessa...

Assim que encarei essa terna figura,

Confesso que foi um choque pra mim;

Seu semblante com nada de ternura,

Disse: Escreves sociais, diatribes, loucura,

E já não tens mais espaço pra mim...

Não pude conter a estranheza certo rubor

Ao ver frustrada a certeza que tinha;

As falas acabaram dispensadas pela cor,

E disse mais: quem sonega ao amor,

Por certo está louco, fora da casinha...

Pedi a palavra em minha frágil defesa,

Mesmo incerto de triunfar nessa liça;

Disse que amo cantar sempre à beleza,

E consiga vê-la até no divã da tristeza,

Mas, amo, sobretudo, à verdade e à justiça....

Ele meio surpreso me olhou diferente,

Não sei se admirado ou achando bravata;

Mas, seu olhar tinha um quê de contente,

Disse que sei que ele tem sangue quente,

Mas o meu, não é sangue de barata...

Abriu um sorriso ante as últimas frases,

E pediu desculpas por ser assim ciumento;

Ele entende que a lua tem quatro fazes,

Então, demos as mão e fizemos as pazes,

E saímos juntos a buscar complemento...