Ronda

Proponho-me agora a tudo que seu dizer não conta,

Envolvendo-me na cena que sua teia desenha.

Pra ver desmontar-se a pose de homem polido, pronta,

Quando deixa vir à tona o que pra esconder se empenha.

Ouse tocar o ponto nas amiúdes oportunidades,

E lambuzar-se nas liberdades aquém do tempo e razão;

Verá o quanto aprecio fomentar tuas vontades

No deleite de render-me sob à tua sedução.

Sinta a carne que lateja embora não seja carnal

Esse instinto pelo qual a fantasia me enlaçou.

E subindo pela espinha aquele calor visceral,

Diante a palavra fria que de tua tela brotou.

E então, o que é insano para o real raciocínio,

Transforma-se num desejo tão concreto e cruel;

Que, me vejo frente a frente à fonte do meu fascínio

Alçando-me no impossível de me embeber em seu mel!

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 02/05/2014
Reeditado em 07/03/2017
Código do texto: T4791988
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