Ronda
Proponho-me agora a tudo que seu dizer não conta,
Envolvendo-me na cena que sua teia desenha.
Pra ver desmontar-se a pose de homem polido, pronta,
Quando deixa vir à tona o que pra esconder se empenha.
Ouse tocar o ponto nas amiúdes oportunidades,
E lambuzar-se nas liberdades aquém do tempo e razão;
Verá o quanto aprecio fomentar tuas vontades
No deleite de render-me sob à tua sedução.
Sinta a carne que lateja embora não seja carnal
Esse instinto pelo qual a fantasia me enlaçou.
E subindo pela espinha aquele calor visceral,
Diante a palavra fria que de tua tela brotou.
E então, o que é insano para o real raciocínio,
Transforma-se num desejo tão concreto e cruel;
Que, me vejo frente a frente à fonte do meu fascínio
Alçando-me no impossível de me embeber em seu mel!