DILÚVIO

Chove,
Chove muito,
chove torrencial e friamente:

águas doces caem
das enegrecidas nuvens do céu,
formando poças aos chãos dos taciturnos
caminhos por onde andamos
tão incautos,

e lágrimas incontidas, salgadas,
escorrem dos entristecidos olhos nossos,
alagando falésias aos fulcros
de nossas almas
cansadas.

Sim, chove demasiado,
e tudo se escorre, rápida e vertiginosamente,
pelos inexoráveis laiveceres do tempo,
por onde também nos esvaímos
naufragados;

enquanto tu te mumificas, 
assim tão vazantemente preceptiva,
esquivando-te cada vez mais
de meus abraços e beijos
molhados.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 01/05/2014
Reeditado em 01/05/2014
Código do texto: T4790747
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