VOU CHOVER

Quando o silêncio se combina
Com o não vento da rua
E o não luar que há na lua
Antes que dobre a esquina
O sol que à noite assassina
Vive a madrugada uterina
Quietinha como a de agora
Partejando a chuva menina
Que pra nascer já tem hora.

Há um frio agasalhado
Por um Calor diferente
Que não dói n’alma da gente...
Parece tudo parado
Não há futuro... Nem passado
E nem o tempo de agora
Parece-me estar montando
Minha Vida sem espora
No Universo campereando
E vendo a morte que chora

Porque agora só existe a não matéria
O não velório porque também findou-se a vela
Mas não a da minh ‘alma caravela
Que escreve na partitura etérea
Com as penas das asas da liberdade a sinfonia mais bela.
E no meu não ser deste instante
Em milagroso não sono
Eu recebo do abandono
A graça de voltar a viajante
Partindo da estação do outono

Para fugir da ciência
Que nos torna ignorantes
E nos faz bem mais distantes
Da Universal sapiência
Nossa última instância
Deste Tribunal do todo
Onde o réu se sentencia
A ser eterno e duro engodo
Na Torre d’ouro vazia
Ou nuvem de Amor macia...
Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 30/04/2014
Reeditado em 02/08/2014
Código do texto: T4788369
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