CHUVA
Abro a janela na noite para ver e ouvir a chuva,
Que cai por entre as lâmpadas cor de cortiça
Sob as luzes mortiças da rua.
A chuva é uma cortina fria,
Porém, encanta e refresca meus pensamentos.
Como as plantas, também ganho viço,
E certo brilho nos olhos
Aflora-me um sentimento da esperança.
A chuva leve, também me faz leve,
A chuva lava a terra e as chagas
Dos homens aflitos que semearam
Sementes na terra.
Aquieta os que dormem.
Embala o sono dos pequeninos
E o amor sobressaltado de sua mães.
Abre minha alma para coisas boas,
Suaviza meu rosto duro,
E faz meu coração bater suave,
Encharcado de sonhos e novas brotas.
A chuva remoça a terra,
E as minhas visões do futuro.
E com o cheiro da terra molhada,
Preparo-me para vencer o medo
Das tempestades escondidas.