A Valsa ...
Quando em transe rocei-lhe a cintura
No enlace da dança me vi comovido
Seus olhos nos meus, suas mãos em minha espádua.
Seu peito, de leve, tocando meu coração.
Na alvura do colo, suspiros de paixão.
Os cabelos castanhos caindo-lhe ao rosto
Um diadema de cachos, ornados a gosto.
O talhe elegante, o capricho do corte.
As mãos pequeninas, os dedos túrgidos,
Tocando-me medrosos a cada enleio
Sua cabeça coroada, seu rosto bonito,
Vinham repousar em meu inquieto seio
Sentia sua respiração quente roçar-me a alma
Sua boca entreaberta em doces receios
E o beijo que eu não ousava...
A pele rosada, do toque fugia.
Quanto mais te amava, mas se afligia.
E fugia de mim, fugia da dança.
Mas da paixão...
Ah, minha cara, dessa não poderia.
Toquei-lhe de novo, rocei o seu braço.
No compasso da dança, tomei-lhe o abraço.
E nada... nem os múrmuros dos que nos olhavam
Tiraria a beleza daquele instante.
Em que vi a chama arder em seus olhos.
Amavas-me querida, sei que amava.
Seu sorriso do céu me trouxe a resposta.
Oh anjo, onde esteve toda essa vida?
Padeci de uma febre sem pena...
Agora sei que não te perco...
Não permito...
Te terei para sempre, para sempre comigo.