A SENHA
Eu cometeria mil crimes
contra o patrimônio
só p'ra lhe dar boa vida
roubaria as crinas dos cavalos
só p'ra lhe despir
farreando fábulas
eu grito desaforos
e a alma à toa
revela malandragens gabolas
nos bares da lua
de um marginal risonho
aonde a verdade desamadurece crua
Você serve a tristeza
com os biscoitos na bandeja
e o segredo descoberto
é o nome do duende-esperto
cuja sina é vigiar o amor
mesmo que se rebele quem se entregou
Aonde a cartola e o sobretudo
são do vampiro identidade
a senha a sombra abre
pelo cheiro da dama-da-noite
urrando mudo
assim como cresço na sua carne
onde nunca é tarde
se o redemoinho das estrelas
é o coração do mundo
o que reluza é o valor do carro
mudando a cara de quem despensa fundo
quando a arte dá lugar ao sarro