O Amor (1)
Preciso amadurecer.
Crescer diante de um mundo
Desavergonhado de sua própria nudez
Amante de seus próprios venenos
Preciso inconformar
Diante da estupidez sentimentalidade
Egoísta, hedonista
Que deseja intensamente a si
O mundo vê o que lhe agrada
E o veneno que lhe mata
É o ônus de sua própria impiedade
Porque somente a si quer
O amor já não existe
Desde muito se destituiu de valor
Quando fez do outro algo para si
Ao invés de ver a si mesmo, algo para o outro.
Os mesmos olhos que veem o mundo
São cegos em sua natureza
Deixa de ver a necessidade alheia
Para sentir somente sua própria fome
O amor não é provado
Pedindo provas do mesmo
Mas prova-se sim
Que amor do pedinte não há
Prova-se amor internamente
Somente nós sabemos que amamos
A parte do outro é acreditar ou não
Na verdade que professamos
Leia em si mesmo
Se o que se vive
E não somente o que sente
Está nas palavras a seguir
O amor é sofredor, é benigno;
O amor não é invejoso;
O amor não trata com leviandade,
Não se ensoberbece.
Não se porta com indecência,
Não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Então não apenas entenderá o amor
Como saberá onde estão as falhas
E não pense que é utopia
É somente a verdade que você não consegue viver
"Sentir amor" fora disso
É querer para si
O que é feito para o outro
E torna o outro escravo de seu hedonismo medíocre
Querer ser amado é genuíno
Querer ser amado primeiro
É puro egocentrismo
É arrogância audaciosa de se ver maior do que é.