COMO SE FOSSE O ÚLTIMO
Um novo dia nada mais pode acrescentar
no que já existe, gostaria de viver em uma
nova sensação de alegria sem me lembrar
que já fui e ainda sou preterido...
Gostaria de não me lembrar de que quando
chorei estava sozinho sem ter ninguém quem
consolasse-me, e que meu grito de desespero
perdeu-se na imensidão sem que ninguém respondesse.
Desejo tirar da memória os erros que cometi
e que em oração já pedi perdão por eles, ambiciono
esquecer que fui frágil demais ao dizer
mesmo ofendido que fui capaz de amar...
Sim, amei por diversas vezes e tal foi a sublimidade
que me alcançou que os querubins ofereceram
o sonho de construir um castelo, de formar um
jardim com flores fragrantes que aromas espargem.
Mas, aqui estou ainda que minhas carências afetivas
estejam em alta, ainda que o vento selvagem tente
dobrar-me e a despeito de tudo, conservo a vocação
inata de gozar um minuto como se fosse o último.