A MINHA ROSA
“Foi o tempo que dedicaste à tua rosa
que fez a tua rosa tão importante”
Saint-Exupéri
A MINHA ROSA
(Contos de encantar)
Carmo Vasconcelos
Como pôde morrer assim a minha flor
ainda ontem tão risonha e formosa?
Mal caía a tarde, e de repente, a viçosa
corola se fechou, murchando ao Sol-Pôr
Sabido é que à mãe-Lua as flores s’acolhem
para repousarem do Sol que as amimou
mas ao romper da alba a minha se finou...
- Já não há pétalas que os meus dedos desfolhem!
Era ainda tão jovem, fresca e bonita
a nossa relação – como paixão primeira...
- Será que água demais lhe deu a jardineira?
Que de alagada se afogou e ressuscita?...
Dizia ser eu a terra que a alimentou
quando em moléstia brava quase pereceu
e eu torrões d’amor lhe dei e se reergueu
e ao calor do meu seio se regenerou
Não posso acreditar que pra sempre se foi,
que a sua terra amante deixou na solidão...
A esquecê-la me aconselha o coração,
ignorante que a saudade inda me dói
Prefiro crer que a minha rosa está dormente
(como a princesa que na estória existiu
enfeitiçada pela maçã que engoliu)
e que um beijo a traz à vida novamente!
***
Lisboa/Portugal
http://www.carmovasconcelos-fenix.org