A MINHA ROSA

“Foi o tempo que dedicaste à tua rosa

que fez a tua rosa tão importante”

Saint-Exupéri

A MINHA ROSA

(Contos de encantar)

Carmo Vasconcelos

Como pôde morrer assim a minha flor

ainda ontem tão risonha e formosa?

Mal caía a tarde, e de repente, a viçosa

corola se fechou, murchando ao Sol-Pôr

Sabido é que à mãe-Lua as flores s’acolhem

para repousarem do Sol que as amimou

mas ao romper da alba a minha se finou...

- Já não há pétalas que os meus dedos desfolhem!

Era ainda tão jovem, fresca e bonita

a nossa relação – como paixão primeira...

- Será que água demais lhe deu a jardineira?

Que de alagada se afogou e ressuscita?...

Dizia ser eu a terra que a alimentou

quando em moléstia brava quase pereceu

e eu torrões d’amor lhe dei e se reergueu

e ao calor do meu seio se regenerou

Não posso acreditar que pra sempre se foi,

que a sua terra amante deixou na solidão...

A esquecê-la me aconselha o coração,

ignorante que a saudade inda me dói

Prefiro crer que a minha rosa está dormente

(como a princesa que na estória existiu

enfeitiçada pela maçã que engoliu)

e que um beijo a traz à vida novamente!

***

Lisboa/Portugal

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Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 18/04/2014
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