PÁGINA SEM VIDA

Amo sem receio, sem transtornos,

coisas de um incorrigível coração apaixonado,

que convive com as

conseqüências da astúcia de uma renúncia.

Tento procurar uma maneira

para não pensar, para me desprender

da inquietação da dor quando lembro

de nós, em momento tão sofredor.

Esse passado difícil, intensamente

me abraça contra o peito, não

me deixa desfraldar de suas garras

nem conquistar o direto para sonhar.

Não posso me anular, apagar a luz

do tão sonhado mirante em razão

desse sufocante e abrasador silêncio.

Por isso rechaço em cada solidão o

ferimento da cruel saudade que destrói

como um verdadeiro vendaval.

Seria tão bom ser lembrado, não

apenas ser esquecido, não viver

perdido com medo de não mais me

encontrar, deixar de me embriagar

com o fel que o abandono ofereceu...

Enfim, tédio novamente em mais

um dia sem ninguém, apenas lágrimas

descuidadas em mais uma representação

no cenário da existência, mais uma

página sem vida que não deixa

saber onde foi que errei.

Wil
Enviado por Wil em 06/05/2007
Código do texto: T477305