PÁGINA SEM VIDA
Amo sem receio, sem transtornos,
coisas de um incorrigível coração apaixonado,
que convive com as
conseqüências da astúcia de uma renúncia.
Tento procurar uma maneira
para não pensar, para me desprender
da inquietação da dor quando lembro
de nós, em momento tão sofredor.
Esse passado difícil, intensamente
me abraça contra o peito, não
me deixa desfraldar de suas garras
nem conquistar o direto para sonhar.
Não posso me anular, apagar a luz
do tão sonhado mirante em razão
desse sufocante e abrasador silêncio.
Por isso rechaço em cada solidão o
ferimento da cruel saudade que destrói
como um verdadeiro vendaval.
Seria tão bom ser lembrado, não
apenas ser esquecido, não viver
perdido com medo de não mais me
encontrar, deixar de me embriagar
com o fel que o abandono ofereceu...
Enfim, tédio novamente em mais
um dia sem ninguém, apenas lágrimas
descuidadas em mais uma representação
no cenário da existência, mais uma
página sem vida que não deixa
saber onde foi que errei.