A Dama e a Raposa
Você sente?
O peso desse vagar
No passo latente
De puro ódio e repúdio de amar.
Nessa tua pele pálida,
Desse olhar desinteressado.
Mesmo com a boca ávida
Esse teu desejo é tão claro.
Você anda e desdenha,
Por minha teia,
Iludida, desatenta
Caminha, anda, venha...
E você sente?
O peso desse vento
Que a fera espreita ao relento
Fuja, corra, tente.
Consegue ver os olhos,
Famintos por tua lábia,
Crentes em teus jogos
Ladra, eles dizem, ladra
Insaciáveis,
Cruéis,
Apenas o erário de seus encantos,
Olhos irrevogáveis.
Que te fitam,
Eles vão te consumir viva,
Cavar até o fundo de sua cina
Até que seus olhos sintam
O mesmo que os meus.