AMOR DE OUTROS TEMPOS
O amor é irreversível
Muda se a direção dos ventos, na troca de estação.
Os ponteiros do relógio, no horário de verão.
O curso das águas, no desvio das rochas.
Mas o amor, ele disfarça-se de mágoas,
o amor imita o ódio com tamanha sagacidade,
Que chegamos acreditar que na verdade nem existe,
O amor resiste à ação do tempo em silencio.
Reverte-se na memória, torna-se ao ponto de onde partiu,
Volta a ser fantasia, mas não deixa de ser amor.
Vive no íntimo de quem um dia amou
E acha que deixou de amar,
Resquícios de momentos que viveu,
A gente inventa novas formas de amor e transfere
Ou vai justapondo ao invés de transmitir.
Acho que te amo em outro alguém
Acho que me amas por aí.
Hoje quem acredita ser amado por unicidade
Só é amado de verdade por acumulação,
De amores de outros tempos.