Amor Barato
A sua língua me deixa um rastro de saliva quente,
que queima como lava a minha pele nada delicada.
Seus dedos tateiam todo meu corpo,
e a esse ponto já me conhecem assim como a palma da mão que os sustentam.
Minhas carnes tremem como num terremoto na terra de ninguém,
e sinto você me destruindo por dentro,
igualmente vou te destruindo também.
Você me arranha (como se pedisse misericórdia por um pecado que ainda não se fez arrepender),
e te sinto rasgando minha pele como papel barato.
Seu riso profano desajuíza meu líbido liberto e escancarado.
Os corações cansam de bater desenfreadamente,
assim como os músculos de tanto pulsar. Dormimos.
Agora cedo,
com o término do brinde tórrido dos nossos corpos à paixão,
logo pela manhã,
você me acusa por coisas que eu nem sei,
me manda e eu vou embora exitando,
quase implorando pra saber quando, como e/ou onde errei.
Vou calado até a porta,
escutando o gélido som do bater do seu coração;
Sei que por ele eu não volto,
mas também sei que seu corpo não resistiria mais de uma vez o meu, desvestido em clara pele que reveste rubro sangue e carnes quentes.
Amor barato se torna o seu,
e o mal investidor, como sempre, sou eu.