Beijo Sôfrego ***
Tu matas-me e ao mesmo tempo dás-me vida
(Júlio Manuel)
Tua alma vai e vem nas ondas
Envolta nestes véus e azuis
Esverdeados azuis que me encantam
com teu canto doce de embalar sereias
Tua alma vai e vem brincando
com os anelos brancos e sais delicados...
Cristais, que quebram nas minhas veias
Neste vai e neste vem, tu me dás
a sutileza de um olhar brumoso
esperançoso que a noite se vá
e se dissipe no ar, feito poeira
Prenunciando um novo dia
em que a luz do teu ser inebria
este meu olhar naufrago, a se perder
a se achar, a procurar terra a vista e aportar
E ser mais, que um singelo grão de areia
Faltam-me as palavras certas
na infertilidade das horas e tuas teias
Dás-me apenas uma!
Talvez vida!?!
E eu, a multiplicarei, semeando amor
Trocarei por alma, quando me faltar o sol
não me contentando em ter somente a lua
Ansiar pela alegria das estrelas tuas
que são faluas e tuas velas a me acenar
Se me faltar o fôlego!
Dás-me o ar
N’um beijo sôfrego, ó mar