Incúria
Eu vi a véspera, também vi a aurora,
Eu estava no dia e vi a cor do ringue
Jorrando dores naquele coração lido,
Feito um livro na tarde meio exangue
Esmaecendo na dor de se ir embora;
Inconsequentemente olhei o arrebol,
Distorcido pelo pensamento da hora
Que já se fazia tarde e fui para longe
Como brinquedos de crianças agora,
Sem compromisso e sem ver o sol...
O frio do pescoço escorria pela mão
Congelando os dedos no brinquedo,
Folguedo de menino que na sensação
De estar surfando na sorte fez enredo
À inocência, ainda presa à sua razão!
Se foi pelo mundo tomado em ilusão,
Já não importa a razão ou a inocência
Ao clamor da vida que assim instiga,
Vi nesta lida, toda minha incoerência,
Singrando nos versos desta canção...
Clemência eu assim imploro agredido
Pelas belas cores que brilham no mar,
Fiel companheiro de auroras de amor,
Véspera da noite que vivo a esperar...
Para falar desse meu coração perdido!
No tempo vivo a travar lutas comigo,
Crianças que foram não voltam mais,
Consciência de combater a inspiração,
Embate que ensina a renascer, talvez,
Lembrando você, indiferente amigo!
Valdir Merege Rodrigues
Pinhalão - Paraná