IRRACIONAL
Quanto quero do mais infinito amor, gozar!
Como mergulhador das abissais profundezas
de tão só, amar!
Quanto quero despedaçar o juízo que racionaliza o invisível
Traduzir o manuscrito indizível das digitais da paixão,
Fluir sem direção!
Quanto quero desabotoar as roupagens do meu medo
Trair o próprio enredo em prol de outras linguagens
Atravessar as margens! Navegar...
Quanto quero deflagrar o átrio remanescente,
Abusar permanentemente da contradição,
Abolir o não!
Quanto quero inteiro desintegrar-me da virtude
Conceito que me alude à um averiguar primeiro
Que não me ilude!
Quanto quero o erro que desvia e subterfugi
A verdade protetiva. Quero que a dor me desnude
Enquanto na alma rugi
A sensação de estar viva!