Depois do voo das mariposas

O anjo passou voando para o sul.

E a Magnólia aflorou com o perfume setentrional.

A juventude vai e não se pode mais lhe ver no horizonte.

Como o dente de leão levado pelas fantasias de um inverno,

úmido e morno.

Bem se vê que a brisa que caminha pelas tuas mãos frias,

terminam num sonho calmo de Julho.

E a virgem viaja com a sombrinha aberta nos parques vermelhos das lembranças.

O Sol poderia descansar um pouco no teu colo, e seríamos noivos para sempre, no altar silencioso e fechado, sempre as badaladas dos sinos fariam festas, e toda paisagem primaveril seria uma memória no álbum de amores de duas crianças.

Já sabia que o dia vem junto com as estrelas invisíveis de negridão misteriosa da vida, e o roxo das asas do colibri faz as flores sentirem ciúmes, pobre romântico condenado a solidão que morreu na calada da noite, depois do voo das mariposas.

Vive ele de sonhos que a vela de cera branca, desmanchou-se somente de desgostos consigo mesmo, bem poderia ser para um apaixonado, beijar a maciez de quem melancolicamente contempla o florescer, nos recantos dos jardins cheios de gnomos, e, fadas translúcidas, e os botões de rosas de Maio diriam adeus às Margaridas murchas.

Para depois envolver nas mãos tão branquinhas, o rosário de contas de uma nobre virgem a mirar a solidão de Nosso Senhor no Crucifixo.

Francesco Acácio
Enviado por Francesco Acácio em 06/04/2014
Reeditado em 12/10/2020
Código do texto: T4758302
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