AQUARELA DE UM SONHO
Aquarela de mulher excêntrica e vaidosa,
Como é estranho este teu lângüido pensar,
Esta cisma persistente e assaz desastrosa,
No meu caminho, jamais deixarei passar.
Satírica maneira que te faz tão escabrosa,
Vendavais rumorosos arranjas por gostar,
Sou teu alvo certeiro, ó arqueira ardilosa!
Por que tanto me queres a vida desgraçar?!
Não és ninfa de desejo, mas... fastidiosa,
Ser monturo, desejando a todos enganar;
Tu és frívola e tens a honraria desditosa,
Amor em verbo ainda não sabes conjugar.
Ausentas-te do delírio em ser carinhosa,
Que tanto te preocupas em querer mostrar,
Tens n’alma a drofa de mulher inditosa,
Ignota e doidivanas és, no sentido de amar.
Centúria de mulheres lindas e formosas,
Tem no escaparate do mundo a sobrar,
Teu amor que dás são chagas dolorosas,
Por isto não quero... e nem posso aceitar.
Fiteiro de princesa não te faz div’airosa,
Nesta vida soturna nada tens a acrescentar,
Lembras-te que nunca foste a espirituosa,
Tampouco virtude a ti não foi dado portar.
Amas com palavras... ah, tão milindrosa!
Essência do mal, querendo a mim ceifar,
Meu lirismo de alma ingênua e afetuosa,
Meus versos de amor, minha vida a cantar.
Riva. 004