AQUARELA DE UM SONHO

Aquarela de mulher excêntrica e vaidosa,

Como é estranho este teu lângüido pensar,

Esta cisma persistente e assaz desastrosa,

No meu caminho, jamais deixarei passar.

Satírica maneira que te faz tão escabrosa,

Vendavais rumorosos arranjas por gostar,

Sou teu alvo certeiro, ó arqueira ardilosa!

Por que tanto me queres a vida desgraçar?!

Não és ninfa de desejo, mas... fastidiosa,

Ser monturo, desejando a todos enganar;

Tu és frívola e tens a honraria desditosa,

Amor em verbo ainda não sabes conjugar.

Ausentas-te do delírio em ser carinhosa,

Que tanto te preocupas em querer mostrar,

Tens n’alma a drofa de mulher inditosa,

Ignota e doidivanas és, no sentido de amar.

Centúria de mulheres lindas e formosas,

Tem no escaparate do mundo a sobrar,

Teu amor que dás são chagas dolorosas,

Por isto não quero... e nem posso aceitar.

Fiteiro de princesa não te faz div’airosa,

Nesta vida soturna nada tens a acrescentar,

Lembras-te que nunca foste a espirituosa,

Tampouco virtude a ti não foi dado portar.

Amas com palavras... ah, tão milindrosa!

Essência do mal, querendo a mim ceifar,

Meu lirismo de alma ingênua e afetuosa,

Meus versos de amor, minha vida a cantar.

Riva. 004

Rivadávia Leite
Enviado por Rivadávia Leite em 04/09/2005
Código do texto: T47581