Fiz de Conta
Fiz de conta que caminhava pela rua
Pra ver se encontrava uma imagem sua
Perdida no meu faz de conta que vi ali
Na minha frente envolta em emoções
Esperanças no dia em que voltar aqui...
Fiz de conta que olhava o brilho da lua
Titubeava o meu carma que seguia o seu
Perdido noutro universo tão distante...
Que bem ao longe instigantes aflições
Vem no choro e inundam a fé da gente!
Fiz de conta que eu era o poeta maior
Pra na ponta da língua a nota dó menor
Perdida em soluços de uma orquestra
Desconhecida ouvir o canto e refrão
De melodias no tempo já esmaecidas!
Fiz de conta que mais nada existia então
Pra ser digno merecedor do seu perdão,
A falange do indicar como se fosse conta
Sobrepôs a do dedo médio e em oração
Minha mão se perdeu no faz de conta!
Fiz de conta que vi e acredito nisso tudo
Pra confortar minha fantasia de prelúdio
Perdida na lascívia momentânea que sai
Do recôndito desejo de amar as emoções
Que do corpo frêmito vem e se esvai...
Fiz de conta que nada escrevi e não pude
Pra assim, enganar este meu mundo rude,
Tão carente de volúpias em noites de luar
Que meus segredos fizeram no frio chão
Rastros dos passos que estão a lhe guiar!
Valdir Merege Rodrigues
Pinhalão - Paraná