Das pequenas coisas
Sei o tempo que restou,
em silêncio, atrás da porta,
contando cada lágrima,
em tua partida.
A tarde caía, suavemente,
na varanda da casa.
Do sol, apenas uma leve penumbra
a inundar o quarto.
Ali percebi o tempo marcado
em cada segundo de tua partida
porque senti o coração quase
parar de bater enquanto o
sal das lágrimas batizava
minha boca.
Tudo intenso.
Tudo dor e solidão.
Procurei o chão sob os pés
e senti o corpo dolorido
sendo arremessado
no abismo da angústia.
Imóvel.
Assim a noite flagrou meu corpo.
Imersa na dor tentava, pouco a pouco,
ouvir os batimentos do coração.
Mas que coração?
O meu tu levaste embora,
agarrado ao teu.
Ouvia somente o pulsar, breve,
como um pedido de socorro.
Eu, náufrago de ti,
ainda lembro das
pequenas coisas.