Das pequenas coisas

Sei o tempo que restou,

em silêncio, atrás da porta,

contando cada lágrima,

em tua partida.

A tarde caía, suavemente,

na varanda da casa.

Do sol, apenas uma leve penumbra

a inundar o quarto.

Ali percebi o tempo marcado

em cada segundo de tua partida

porque senti o coração quase

parar de bater enquanto o

sal das lágrimas batizava

minha boca.

Tudo intenso.

Tudo dor e solidão.

Procurei o chão sob os pés

e senti o corpo dolorido

sendo arremessado

no abismo da angústia.

Imóvel.

Assim a noite flagrou meu corpo.

Imersa na dor tentava, pouco a pouco,

ouvir os batimentos do coração.

Mas que coração?

O meu tu levaste embora,

agarrado ao teu.

Ouvia somente o pulsar, breve,

como um pedido de socorro.

Eu, náufrago de ti,

ainda lembro das

pequenas coisas.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 02/04/2014
Reeditado em 04/04/2014
Código do texto: T4753740
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